Era uma manhã quente e o
corvo estava descansando no alto de um ramo de azinheira. Sentia-se
muito bem à sombra, e tinha no bico um belo pedaço de queijo. Como
estava contente!
- Ah, isso é que é vida! dizia, regozijando-se.
Piscava os olhos com deleite e franzia o nariz para poder, desse modo,
cheirar melhor o saboroso manjar.
Entretanto, uma raposa estava ao pé da azinheira.
Cheia de fome, ficava imaginando uma forma de roubar o queijo. Hum!
Como cheirava bem! Seu aroma era irresistível. Conhecia bem o ponto
fraco do outro e, por isso, teve uma idéia.
- Oh, amigo corvo! disse. Há quanto tempo não o ouço cantar! Que é que se passa? Não me diga que perdeu a bela voz?
- Não, claro que não! Espere um pouco que já lhe mostro amiga raposa!
O corvo, levado pela sua vaidade, abriu o bico,
pois de outra forma não conseguiria cantar. E, nesse mesmo instante, o
queijo escapou e caiu no chão. A raposa, que se encontrava bem atenta,
apoderou-se do suculento num abrir e fechar de olhos, dizendo:
- Estas são as conseqüências de dar ouvidos aos elogios, amigo corvo!
A raposa foi-se embora tranqüilamente, sem sequer
olhar para trás. Enquanto o corvo, no lugar que ocupava, dava saltos de
indignação. Veja você o que pode fazer um elogio no momento oportuno.